domingo, 12 de junho de 2011

O tal doze-de-junho


Carências jamais supridas. Traumas de infância. Medo de perder. Vontade de guardar o outro numa caixinha de madeira espessa dentro da última gaveta do criado mudo. 1-2-3-ligações diárias não atendidas. E-mails enviados em vão. Almoços solitários de domingo-cinza-chuvoso. Necessidade de autoafirmação. Redes sociais. 

Não sei se fui eu que endureci ou se são as pessoas que estão moles demais. Uma transa é uma transa. Um namoro é um namoro. Ligações são ligações. Escrituras ainda são APENAS para imóveis, graças a Deus. 

E neste 12 de junho, em plena madrugada, percebi-me pensativo acerca do dia dos namorados e concluí que estou cada vez mais feliz e realizado com minhas escolhas. Eu gosto é da liberdade escancarada, talvez até mais que Sartre. Acordar às três da tarde de um domingo-romântico-ensolarado e comer dois salgados da padaria que fica logo ali. Não receber ligações quando estou fazendo minhas refeições e curtindo o final de semana com meus amigos/familiares/etc. Não ter que gastar dinheiro no dia doze-de-junho comprando presentes caros e ridículos que só servirão para serem devolvidos nos términos de relacionamento. Não ter que preocupar com o sexo quase obrigatório do dia doze-de-junho. Poder ficar na internet, sem restrições de horários, todos os dias, semanas, meses anos, décadas e séculos e oceanos. Usar o dia doze-de-junho para colocar minhas leituras em dia. Não viver o doze-de-junho. 

Não tenho a pretensão de influenciar ninguém. Isso foi só um "recorte" da minha humilde opinião. Feliz doze-de-junho, pessoal!